domingo, outubro 17, 2010

Material de Apoio ao Estudo

     Após este primeiro mês de aprendizagem e de adaptação ao 12º ano, parece que o inevitável está a chegar: os TESTES!

    Numa tentativa de tentar “dar uma mãozinha”, nesta árdua tarefa que é estudar, aqui vão alguns links com exercícios e complementos da matéria leccionada:


Um Exame de Equivalência à Frequência, contendo exercícios saídos em exame, com a respectiva correcção, também foi encontrado. No entanto, para já, só as primeiras questões poderão ser realizadas, visto que abrange todo o programa:

Apesar de já não se fazerem exames a esta disciplina, aqueles que em outros anos foram feitos ainda possuem exercícios relacionados com o programa actual:

 Bom estudo para todos!
 Mariana Canoso



sexta-feira, outubro 08, 2010

Uma Mente Tempestuosa

Claramente e indubitavelmente aborrecido. Tudo me parecia enfadonho e entediante: desde a pureza do campo até ao reboliço incessante da vida urbana. Mas afinal que queria eu? Que desejos profundos teria o meu complexo ser (visto que nunca os conseguia realizar)? No entanto, só hoje me deu conta de algo…

… Decidi finalmente ir à praia (aquele lugar repugnante, repleto de indivíduos vindos sabe se lá de onde e de sedimentos de pequenas dimensões que muito teimam em se enfiar em locais pouco desejáveis). Enfim! Tenho eu as minhas razões para não pôr lá os pés.

Contudo, chegando lá, um aperto invadiu o meu espírito. “Que seria isto? Que sensação de nostalgia tão estranha… Sei que nunca estive aqui… SERÁ? Não será que nas profundezas do meu subconsciente, tal lugar seria familiar? Não. Não creio. Mesmo assim…”                         
                                                                                                               

No meio das minhas divagações, um velho pescador por mim passava. Perguntei-lhe se sabia se “ a praia” tinha nome (é que este povo tem a mania de arranjar alcunhas para tudo e mais alguma coisa): “Tem sim, meu rapaz. Esta aqui à sua frente é conhecida por “Praia das Sereias” e aquela ali mais adiante por “Praia da Baía””.

“Mas que nomes mais desprezíveis!”, pensava eu, enquanto ouvia o velho a balbuciar as suas “histórias” (aquele tipo de contos que são fruto da loucura que tanto tempo no profundo azul causa). Sinceramente… Não tenho pachorra.

De repente, algo captara a minha atenção: no meio da imensidão ciano, avistei um amontoado de rochas. Não. Obviamente não seria o material geológico que me agradara, mas sim o que sobre ele se encontrava: algo resplandecente e…  mágico ?! “Devo estar a endoidecer, sem margem para dúvidas.” Mesmo assim, recusando toda a minha racionalidade parti em direcção ao fascinante desconhecido.

“Ah!” Ao aproximar-me entendi! Tratava-se de uma mulher, mas não era de todo uma vulgar: os seus cabelos e pele caiados de um tom angelical conferiam-lhe um ar divino. Não resisti. Invadido pela curiosidade aproximei-me. “Desculpe?”, perguntei atrapalhadamente.

Instintivamente e inconscientemente, toquei-lhe no ombro: o seu corpo estava gélido, quase como se deste a vida tivesse desvanecido. Um arrepio percorreu-me e o que no início era curiosidade, no próximo momento se tornara pavor.

Virando-se lentamente, a estranha figura murmurava algo incompreensível. “Desculpe, não entendi o que disse…” O resto da oração ficara entalada na minha garganta. Os seus dedos gelados apertavam-me agressivamente o pescoço. Não lhe vi a cara. Tive medo. Quis gritar; pedir ajuda. “Onde está agora aquele idiota do pescador?...”

De repente, o monstro largara-me, atirando-me para as ondas tempestuosas que se aproximavam. A pouco e pouco, a minha mente tinha-se tornado branca e… “TRIMMMM!”

…“AH!” Levantei-me abruptamente da cama com o som do despertador. “Não acredito! Foi só um daqueles pesadelos estranhos!” Suspirando com alívio fui-me começando a preparar para mais um dia entediante da minha vida enquanto estudante do 12º ano. “Mas que dia da semana é hoje… quinta-feira, hein?!...”

Não podia crer… Hoje tinha uma pequena “saída de campo”, durante a aula de Geologia, e, onde iria eu? Nem mais: à praia… O local que eu mais temo… a ele, ao pescador e… à criatura dos infernos que, nos dias de tempestade, assombra as mentes mais corrompidas…

                                                      
                                                                                            Francisca Mesquita

quarta-feira, outubro 06, 2010

E é então...

E é então…
             
              E é então que o mar chega e leva tudo o que em mim pesa.
              Falo pelos cotovelos, apenas o romper do vento me interrompe, apenas as pedras se intrometem, sou apenas eu!
              Penso se alguém me ouviu, medo, mas vejo que sou eu na praia sentada à espera que o mar me traga as respostas.
              E é então que descobri o que é ser ouvida, o que é compreender, o que por mim tanto dá.
              O mar não me julga, a Terra não me julga, as rochas que me escutam não me julgam… Sou eu e elas, somos um, somos tudo, somos todos! Sim, o mar, o único, que me leva e traz recordações do que já não recordo, mas que me leva a conhecer o que eu não conheço.
              “Living without knowing is a long way through dark vales, I’m afraid of the dark, so I want to know”. Pára, ouve, vê cada onda desenrolar em frente dos teus olhos. Olhos antes vulgares, superficiais, olhos cuja necessidade de aprender se mostra a cada impacte na areia.
              …. Ouviram? É o som da vida a ser criada, o som da Terra que nos meus ouvidos segredou e eu respondi. “Obrigada!”
                                                                                         Cláudia Lobo,29/09/2010

sexta-feira, outubro 01, 2010

Uma Breve Abordagem ao Enquadramento Tectonoestratigráfico da Praia das Sereias (Espinho)

Cláudia T. N. LOBO (1) &, Mariana M. P. CANOSO (1)
(1) Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, Espinho. Turma 12º-2ª /Geologia, Curso Científico–Humanístico de Ciências e Tecnologias

ResumoÉ feita uma descrição, na terceira pessoa, da aula de campo de Geologia – 12º Ano que decorreu no litoral urbano de Espinho. Enquadra-se, de forma sucinta, a zona morfoestratigráfica ibérica em que se insere a região. Aborda-se a dinâmica litoral e sedimentar da faixa litoral urbana, especialmente do troço de praia designado por “Praia das Sereias”.


   A 16 de Setembro de 2010, catorze pioneiros da Geologia na Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida, em Espinho, viram a “sua” cidade com outros olhos.
   Dia após dia, ao percorrermos as ruas de Espinho, a nossa mente vagueia, falamos de como correu o nosso dia ou de todos os outros assuntos que ocupam a nossa vida… Desta vez foi diferente! 
  Observámos Geologia onde antes víamos muros e casas, recolhemos “cicatrizes” do nosso litoral, que antes para nós eram apenas areia, mas é essa a vantagem de não ter Psicologia B, não estudamos o incompreendido Ser Humano (o que de certeza nos traria grandes dores de cabeça e muito poucos resultados), mas sim o “don’t ask, don’t tell” da Natureza. Por trás de toda a boa disposição e sob o olhar atento de “Jeka”, a primeira cadela com “interesse geológico”, o conhecimento construiu-se:  

Fig.1

   A mítica cidade de Espinho encerra muito mais do que a típica feira de Segunda, as concorridas praias onde o surf e o bodyboard reúnem a juventude ou a famosa AIPAL. Espinho localiza-se em terrenos geológicos do Maciço Ibérico, ou Maciço Hespérico (conjunto extenso de afloramentos do Precâmbrico e do Paleozóico da Península Ibérica). Das várias zonas em que o Maciço Ibérico (fig.1) é subdividido (Terrenos Alóctones, Zona Centro Ibérica, Orla Ocidental, Zona de Ossa Morena, Zona Sul Portuguesa e Orla Algarvia) interessa, neste caso, a Zona de Ossa-Morena, na qual se inserem a região e as rochas de Espinho. O nome resulta desta ser uma zona tectonoestratigráfica que se prolonga, a sul, especialmente por dois relevos: as serras de Ossa, no Alto Alentejo, e a serra Morena, na Andaluzia (ver figura 1).
   No que concerne à área em estudo, os únicos afloramentos disponíveis para observação pertencem, do ponto de vista morfoestrutural, ao contacto entre a Zona Centro Ibérica (Julivert et al. 1974, cit. em Ribeiro et al. 1979) e a Zona de Ossa-Morena (op. cit.). Este contacto faz-se, no noroeste de Portugal, através de faixa metamórfica de orientação NNW-SSE, ao longo do importante acidente tectónico designado por Zona de Cisalhamento Porto-Tomar (Ribeiro, Pereira & Severo 1979). Esta estrutura divide as sequências da Zona Centro Ibérica (ZCI) a Este, das sequências pertencentes à Zona de Ossa-Morena (ZOM) a Oeste (Ribeiro et. al., p.3 op.cit.).
   Espinho inscreve-se em terrenos marcados pela já referida Zona de Cisalhamento Porto-Tomar, o que elucida sobre o seu carácter geologicamente complexo. Os afloramentos observados pertencem ao Complexo Xisto-Grauváquico (CX-G) de idade Pré-Câmbrica a Câmbrica (Couto 1993, cit. em Couto & Guerner Dias 1998), constituindo o prolongamento para SE dos terrenos do Complexo Metamórfico da Foz do Douro (CMFD).
   “Se queres conhecer as rochas de uma região, olha para os muros antigos”. Antigamente, casas e muros eram construídos com os materiais que os habitantes da altura recolhiam do espaço envolvente, e o muro da rua 20 não é excepção. Por aqui iniciámos a nossa visita e, o facto de ser constituído por micaxisto luzente, com pequenos “apontamentos” de granadas, fez-nos concluir que este é um tipo litológico muito comum da nossa zona.
   Descendo a rua 33, chegámos à tão afamada praia das Sereias (desde já, fica dito que é a praia preferida das autoras)… Os mais atentos já devem ter reparado no “mini-esporão” lá construído, a sul, e muitas foram as hipóteses propostas para a sua construção: evitar o excessivo avanço do mar (que poderia provocar o desaparecimento desta praia), aproveitamento das rochas que sobraram da construção do esporão em frente à piscina “Solário Atlântico”, entre outras… Na realidade, nada disto corresponde ao real motivo, ou pelo menos ao principal. Uma das três grandes linhas de água subterrânea da cidade situa-se na rua 33 e, como forma de não desaguar na praia, construiu-se o referido “mini-esporão”, que protege uma estrutura enterrada de forma a conduzi-la ao mar.

Fig.2

   Ainda na Praia das Sereias, mesmo em frente às escadas de acesso, aprendeu-se que as rochas observáveis nesse específico local, em períodos de maré baixa, são não apenas resquícios do antigo esporão da rua 27 mas, principalmente, rochas metamórficas constituintes do substrato geológico de Espinho. Assim, o afloramento de rochas metamórficas da “Praia das Sereias” (fig.2) pertence, tal como o Complexo Metamórfico da Foz do Douro, à Zona de Ossa-Morena (ver mapa da fig.1). É constituído essencialmente por xistos micáceos, xistos anfibolíticos e filonetes de quartzo que interpenetram as rochas metamórficas. A orientação é NNW-SSE.

Fig.3

 
   Os mais curiosos ficam ainda a saber que a extensão da Avenida 2 entre esta praia e o “Surfing”, estranhamente, nunca foi galgado de forma sistemática pelo mar e, por isso, o muro nessa zona não sofreu reconstrução desde a sua feitura (fig.3).

  


Fig.4

   Mais um pouco se caminhou, contando sempre com a descoordenação motora e o agradável latir da “nossa” entusiasta de quatro patas, até à Praia da Baía (fig.4). Chegados ao local, o ponto de estudo foi o esporão aí existente. O esporão, obra pesada de defesa do litoral, é constituído por gnaisses e granitos, estes provenientes, na sua maioria, de Lavadores. Concluímos ainda que os minerais de cor vermelha, presentes em algumas rochas, se designam por hematite, os “cor de limão” por limonite e que os orifícios de grandes dimensões observáveis em certos blocos rochosos não são mais do que os locais de inserção da dinamite o que permite desagregá-los das pedreiras de onde provêem.


Fig.5


   Será de referir que, além de tudo o que foi descrito, se tiraram ensinamentos de leitura de mapas (fig.4) e cartas geológicas (fig.5), orientação com bússola e amostras de areia das diferentes praias foram recolhidas (apesar de ser o que parece, praias muito próximas nem sempre têm areia com o mesmo tipo de granulometria).
  


   
    E pronto, 135 minutos voaram e muito se aprendeu… Que esta seja a primeira de muitas visitas de campo, visto que estamos no 12ºano e já temos idade para sair à rua!


Bibliografia
COUTO, H. & GUERNER DIAS, A. (1998) – Parque Paleozóico – Exemplo de património geológico. Actas do V Congresso Nacional de Geologia, Comunicações do Instituto Geológico e Mineiro, Tomo 84, Fascículo 2, G-14 – G-17. IGM, Lisboa.
NORONHA, F. (2000) – Enquadramento Geológico da Região do Porto. Lição integrada no XX Curso de Actualização para Professores de Geociências da Associação Portuguesa de Geólogos. Porto, 4 pp.
RIBEIRO, A., ANTUNES, M.T., FERREIRA, M.P., ROCHA, R.B., SOARES, A.F., ZBYSZEWSKI, G., ALMEIDA, F.M., CARVALHO, D. & MONTEIRO, J.H. (1979) – Introduction à la Géologie Génerale du Portugal. Serviços Geológicos de Portugal. Lisboa, 114 pp.
RIBEIRO, A., PEREIRA, E. & SEVERO, L. (1979) – Análise da deformação da zona de cisalhamento Porto – Tomar na transversal de Oliveira de Azeméis. Cópia de Comunicação apresentada no I Encontro de Geociências. Lisboa, 9 pp.

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